Por que nos sentimos tão sozinhos num mundo hiperconectado?
- Ana Claudia Melo
- 29 de jun.
- 3 min de leitura

Vivemos na era da conexão. As redes sociais nos aproximam de pessoas do outro lado do planeta, as mensagens chegam em segundos, e quase tudo está a um clique de distância. Ainda assim, nunca fomos tão solitários.
Essa contradição — a solidão em meio à hiperconexão — tem se tornado uma das principais queixas nos consultórios psicológicos. Mas o que explica esse sentimento de vazio, mesmo cercado de notificações?
Neste artigo, vamos explorar as causas dessa solidão contemporânea, os impactos na saúde mental e por que a psicoterapia pode ser um caminho para ressignificar esses vínculos.
O paradoxo da conexão: juntos, mas sozinhos!
Apesar de estarmos constantemente conectados, muitos dos nossos relacionamentos são superficiais, mediados por telas e filtros que limitam a troca genuína. O psicanalista Donald Winnicott já dizia que o ser humano precisa de um "ambiente suficientemente bom" para se desenvolver emocionalmente — e isso inclui a presença verdadeira do outro.
O que vemos hoje, muitas vezes, são relações baseadas em curtidas, comentários e presença digital, mas com pouco espaço para a escuta profunda, a vulnerabilidade e o acolhimento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a solidão e o isolamento social são considerados fatores de risco tão prejudiciais quanto o tabagismo e a obesidade. Um estudo de 2023 publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) revelou que mais de 50% dos adultos relataram sentir-se sozinhos com frequência, mesmo tendo redes sociais ativas.
A ilusão da proximidade: conexões digitais e vínculos emocionais
As redes sociais promovem uma sensação de pertencimento imediato, mas muitas vezes falham em nutrir as necessidades emocionais reais. Sherry Turkle, psicóloga do MIT e autora de Alone Together, afirma que “estamos desenvolvendo o hábito de estar com os outros, mas em fuga da verdadeira intimidade”.
A exposição constante a vidas aparentemente perfeitas também pode gerar comparações prejudiciais, reforçando sentimentos de inadequação, isolamento e tristeza. Isso é potencializado por um funcionamento cognitivo descrito na TCC como viés de confirmação, onde a pessoa filtra informações que reforçam sua sensação de não pertencimento.
Solidão não é estar só — é sentir-se só
É importante diferenciar isolamento social de solidão emocional. É possível estar cercado de pessoas — presencial ou virtualmente — e ainda assim sentir-se profundamente sozinho. A solidão emocional está ligada à falta de conexões significativas, aquelas que proporcionam segurança, escuta, reciprocidade e afeto.
Do ponto de vista neurobiológico, estudos recentes em neurociência mostram que a solidão crônica ativa o sistema de ameaça do cérebro, o mesmo envolvido em situações de estresse. Isso pode resultar em aumento do cortisol, alterações no sono, piora da imunidade e maior risco de depressão e ansiedade.
Como a terapia pode ajudar?
Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), investigamos os pensamentos e crenças automáticas que mantêm o ciclo de solidão e reforçamos habilidades sociais, comunicação assertiva e autoconhecimento. A psicoterapia também oferece um espaço seguro de escuta ativa, acolhimento e vínculo terapêutico genuíno — muitas vezes, o primeiro relacionamento verdadeiramente empático que a pessoa vivencia em muito tempo.
Exemplos práticos incluem:
Trabalhar crenças disfuncionais como “ninguém se importa comigo”;
Desenvolver habilidades para lidar com a rejeição e estabelecer limites;
Ampliar repertório emocional e estratégias de enfrentamento.
Você não precisa enfrentar isso sozinha(o)
Se você tem se sentido assim — sozinho(a) mesmo em meio a tantas conexões —, saiba que há caminhos possíveis para resgatar o sentido da presença e dos vínculos verdadeiros. A psicoterapia pode ser o início dessa jornada de reconexão consigo e com o outro.
Agende sua primeira sessão gratuita comigo e permita-se experimentar o acolhimento, a escuta e o cuidado que você merece. Vamos juntos ressignificar esse caminho.


