Inventário de Riscos na NR-1: como fazer na prática e por que ele revela problemas emocionais que afastam trabalhadores
- Ana Claudia Melo
- 14 de dez.
- 4 min de leitura

Com a entrada em vigor da nova NR-1 em maio de 2026, o Inventário de Riscos passa a ser um dos documentos mais importantes para qualquer organização. Ele deixa de ser apenas uma tabela descritiva e se torna um instrumento estratégico de gestão, capaz de revelar não só riscos físicos, químicos e biológicos, mas também riscos psicossociais, relacionais e emocionais — aqueles que mais afastam trabalhadores atualmente.
A norma define que o Inventário deve consolidar todas as informações de identificação de perigos, avaliações de riscos e exposição dos trabalhadores. Ele deve estar sempre atualizado e acessível, e sua elaboração passa a ter impacto direto em auditorias, na saúde ocupacional e na prevenção de conflitos internos.
O que o Inventário precisa conter obrigatoriamente
A versão atualizada da NR-1 define que o Inventário deve conter, no mínimo:
Caracterização de processos e ambientes de trabalho.
Caracterização das atividades.
Descrição dos perigos e suas fontes.
Indicação das possíveis lesões ou agravos à saúde.
Trabalhadores expostos.
Medidas de prevenção existentes.
Caracterização da exposição.
Resultados de monitoramentos ambientais e avaliações ergonômicas.
Classificação dos riscos segundo critérios de severidade e probabilidade.
Esse conjunto de dados transforma o Inventário em um documento vivo, que descreve o ambiente organizacional como um organismo complexo — físico, cognitivo, emocional e relacional.
Um ponto crítico: os fatores psicossociais agora são obrigatórios
A nova NR-1 determina que o gerenciamento de riscos deve abranger também riscos relacionados a fatores ergonômicos e psicossociais. Isso inclui tudo que decorre da forma como o trabalho é organizado e das relações estabelecidas no ambiente laboral. No Inventário, esses fatores podem aparecer como:
Sobrecarga cognitiva ou emocional.
Conflitos entre áreas ou equipes.
Dificuldade de comunicação entre gestores e colaboradores.
Falta de apoio social no trabalho.
Lideranças despreparadas.
Ambientes com alta pressão por resultados.
Situações de assédio moral ou sexual.
Ter esse registro não é mais opcional. Ele passa a ser exigência normativa — e muitas empresas sequer sabem disso.
Como identificar riscos psicossociais na prática
A identificação exige sensibilidade técnica e ferramentas adequadas. Não basta perguntar “algo está difícil?”. A norma orienta que deve haver:
Observação das atividades reais e não apenas dos procedimentos escritos.
Escuta qualificada dos trabalhadores ou da CIPA.
Análise da organização do trabalho, demandas e ritmo.
Avaliação da eficácia das medidas de prevenção existentes.
Consideração de acidentes, afastamentos e eventos perigosos relacionados ao comportamento humano.
Essa investigação revela um cenário que muitas empresas tentam esconder: doenças emocionais, conflitos internos e desgastes relacionais estão diretamente ligados à probabilidade de risco.
Por que o Inventário é um espelho emocional da empresa?
Ao estruturar o Inventário de acordo com a NR-1, surgem padrões que geralmente passam despercebidos, como:
Setores com turnover elevado.
Líderes que geram adoecimento na equipe.
Áreas onde as pessoas choram no banheiro ou vivem “no automático”.
Processos que comprimem a saúde mental dos colaboradores.
Equipes que trabalham em silêncio, com medo de errar.
Esses sinais são riscos reais. A norma exige que sejam avaliados com rigor, classificados por severidade e probabilidade e incluídos no plano de ação do PGR. Quando o Inventário não é feito dessa forma, ele perde sua função e a empresa perde a chance de intervir antes de um afastamento — ou de uma autuação.
Lacunas emocionais e relacionais que aumentam afastamentos
As empresas frequentemente desconhecem que seus maiores riscos são invisíveis e silenciosos. Os gaps mais comuns encontrados são:
Baixa inteligência emocional dos líderes, causando conflitos e clima pesado.
Colaboradores com dificuldade de lidar com frustração, pressão ou mudança.
Comunicação agressiva, indireta ou inexistente, que gera erros e desgastes.
Sobrecarga emocional em áreas críticas, como atendimento e gestão operacional.
Desalinhamento entre demanda e capacidade, levando ao adoecimento psíquico.
Esses fatores elevam a probabilidade de risco, conforme a NR-1 determina para riscos ergonômicos e psicossociais. (MTE NR 01-atualizada-2025-i-3)
Como o Inventário direciona o Plano de Ação do PGR
Após classificar riscos, o PGR deve apresentar medidas claras para eliminá-los, reduzi-los ou controlá-los. Isso vale tanto para riscos físicos quanto para riscos emocionais e relacionais. As ações comuns incluem:
Revisão da organização do trabalho.
Treinamento de líderes para reduzir conflitos e pressão emocional.
Intervenções psicossociais e programas de suporte emocional.
Criação de canais de escuta segura.
Reformulação de demandas e prazos irrealistas.
Ajustes ergonômicos e cognitivos nas atividades.
A NR-1 exige não apenas a implementação, mas o registro, acompanhamento e correção das medidas que não forem eficazes. Isso coloca a empresa em um nível superior de maturidade organizacional.
Por que o Inventário é a principal porta de entrada para mudanças estruturais?
Quando bem elaborado, o Inventário transforma o ambiente de trabalho porque:
Revela aquilo que ninguém fala, mas todos sentem.
Traz visibilidade a riscos emocionais que afastam trabalhadores.
Apoia decisões estratégicas de gestão de pessoas.
Evita passivos trabalhistas relacionados a assédio, clima e adoecimento mental.
Eleva o nível de responsabilidade dos gestores.
Gera um PGR robusto e, consequentemente, mais segurança jurídica.
A NR-1 não quer apenas prevenir acidentes. Ela quer prevenir sofrimento, conflito e desorganização emocional — e isso está diretamente ligado à produtividade e ao bem-estar.
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O Inventário de Riscos é uma ferramenta poderosa, mas sua interpretação exige técnica, sensibilidade e experiência em saúde emocional no trabalho. A Ampliar Consultoria une o rigor normativo da NR-1 à profundidade da psicologia organizacional, ajudando empresas a:
Identificar riscos invisíveis que geram adoecimento.
Mapear conflitos e lacunas emocionais que aumentam afastamentos.
Construir um PGR eficaz, humano e alinhado à legislação.
Implantar ações que melhoram o clima, reduzem riscos e elevam o desempenho.
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