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Gaslighting no ambiente corporativo: quando o trabalho sabota a sua sanidade psicológica

Gaslighting no ambiente corporativo: quando o trabalho sabota a sua sanidade psicológica

 

      O gaslighting não é apenas fenômeno emocional entre casais; ele também ocorre em empresas, equipes e lideranças mal estruturadas. O psicólogo organizacional George Kelly, ao discutir construções pessoais, já observava que ambientes manipulativos afetam a percepção do indivíduo sobre suas próprias competências. Nas organizações, o gaslighting aparece como uma forma de controle e coerção sutil, mas devastadora, que corrói a confiança, a autonomia e o desempenho do profissional.

 

      O ambiente corporativo torna-se fértil para esse tipo de manipulação porque hierarquias rígidas, competição interna e medo de perder o emprego criam clima propício para a distorção da realidade. Quando um líder utiliza o gaslighting, o colaborador passa a duvidar de sua capacidade, seu valor profissional e até mesmo de fatos objetivos do trabalho.

 

Como o gaslighting se manifesta no trabalho

 

As formas mais comuns incluem:

 

  • Culpabilização constante: atribuir erros inexistentes ou distorcidos ao colaborador.

  • Desqualificação velada: “Você não entende processos complexos”, mesmo sem base real.

  • Inconsistência proposital: mudar expectativas para gerar insegurança.

  • Isolamento emocional: excluir a pessoa de informações importantes e depois responsabilizá-la.

  • Negação do óbvio: “Eu nunca disse isso”, mesmo existindo registros.

 

      O impacto destrói a autoestima profissional e compromete a produtividade. Amy Cuddy e outros pesquisadores de clima organizacional mostram que ambientes emocionalmente tóxicos afetam até mesmo a fisiologia do colaborador, aumentando cortisol e diminuindo motivação.

 

Causas do gaslighting corporativo

 

Entre as principais causas:

 

  • Liderança autoritária e insegura, que utiliza manipulação como forma de controle.

  • Cultura organizacional tóxica, que normaliza práticas de abuso psicológico.

  • Falta de clareza em processos, facilitando a distorção de fatos.

  • Competição predatória entre equipes, onde “enfraquecer o outro” vira estratégia.

  • Falta de treinamento emocional em cargos de gestão.

 

      Ambientes assim tendem a criar padrões de abuso cíclico que se repetem entre funcionários e gestores, tornando o problema sistêmico.

 

Consequências para o profissional

 

Entre os danos mais comuns:

 

  • Autoestima profissional fragilizada

  • Medo constante de errar

  • Queda de desempenho

  • Ansiedade e esgotamento emocional (burnout)

  • Desmotivação profunda

 

      Christina Maslach, referência mundial em burnout, explica que ambientes emocionalmente abusivos levam ao esgotamento como resultado direto de relações de trabalho distorcidas.

 

Como sair do ciclo de gaslighting na empresa

 

Estratégias práticas incluem:

 

  • Registrar conversas e decisões, para evitar manipulações futuras.

  • Buscar apoio em RH ou lideranças confiáveis.

  • Estabelecer limites profissionais claros, reduzindo a exposição ao abusador.

  • Fortalecer percepção de competência com feedbacks externos.

  • Buscar terapia para reconstruir autoconfiança e habilidades de enfrentamento.

 

      A psicoterapia é fundamental porque ajuda a reorganizar narrativas internas desestruturadas pelo abuso e estimula o profissional a recuperar seu senso de capacidade.

 

      Se você identificou padrões de manipulação no seu ambiente de trabalho e sente que sua confiança está sendo corroída, não enfrente isso sozinho.

Agende uma conversa terapêutica e aprenda a se proteger emocionalmente de ambientes que distorcem a sua própria percepção.

 

Ana Cláudia Melo – Psicóloga Clínica



 
 
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