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Gaslighting nas relações humanas: o ciclo, o impacto e o caminho da recuperação

gaslighting nas relações humanas

 

 

      O gaslighting costuma aparecer mascarado por discursos de afeto, cuidado ou orientação. Essa dissimulação dificulta a identificação do abuso e prolonga o dano psicológico. Como afirma Robin Stern, “o gaslighting é um ataque ao senso de realidade que deixa a vítima dependente da aprovação do manipulador”. Por isso, muitos só percebem o abuso quando o impacto emocional já é profundo.

 

      As relações humanas são campo fértil para esse tipo de manipulação porque envolvem confiança, vulnerabilidade e desejo de aceitação. O gaslighting se aproveita dessas estruturas delicadas para criar narrativas em que a vítima passa a enxergar suas percepções como defeituosas.

 

O ciclo do gaslighting

 

      O processo geralmente avança por etapas:

 

  • Idealização: o manipulador cria relação de confiança e admiração.

  • Distorção: começa a desqualificar emoções, opiniões e memórias da vítima.

  • Dependência: a vítima busca no abusador aprovação e validação.

  • Colapso emocional: a pessoa perde convicção interna e autonomia psicológica.

 

      Essa dinâmica é semelhante a outras formas de abuso emocional descritas por Judith Herman, que enfatiza que o controle psicológico mina a identidade do indivíduo.

 

Impacto profundo na identidade

 

      Os danos incluem:

 

  • Perda de autoconfiança devido à constante invalidação.

  • Distorção do senso de realidade, com dúvidas permanentes.

  • Culpa e vergonha crônicas, que paralisam decisões.

  • Dificuldade em identificar abusos futuros, por fragilidade emocional.

 

      A longo prazo, o indivíduo pode desenvolver sintomas ansiosos, depressivos e até traços de dependência emocional.

 

Caminhos de Recuperação

 

      A recuperação exige reconstrução emocional guiada. A psicoterapia oferece estrutura e clareza para que a pessoa recupere autonomia e reorganize crenças afetadas pelo abuso. Algumas estratégias essenciais são:

 

  • Reconstrução da narrativa pessoal, resgatando fatos reais.

  • Fortalecimento da autoestima, reavaliando crenças internalizadas.

  • Desenvolvimento de limites saudáveis, evitando novas manipulações.

  • Reconexão com rede de apoio, resgatando vínculos seguros.

  • Treinamento de assertividade emocional, para recuperar autocontrole.

 

      Marsha Linehan, criadora da DBT, descreve que validar as próprias emoções é passo essencial para quebrar ciclos de manipulação emocional.

 

      Se você percebe que tem vivido relações que distorcem sua percepção, diminuem suas emoções ou criam confusão interna, não precisa enfrentar isso sozinho.Procure apoio terapêutico e reconstrua sua autonomia emocional com segurança e acolhimento. Fale comigo hoje mesmo.

Ana Cláudia Melo – Psicóloga clínica



 
 
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