Ansiedade e neurociência: estratégias práticas para regular emoções no dia a dia
- Ana Claudia Melo
- 2 de nov.
- 2 min de leitura

Vivemos em uma época em que a ansiedade se tornou parte da rotina de muitas pessoas. Para alguns, ela aparece como inquietação constante; para outros, como sintomas físicos que limitam a vida. Ao longo da minha prática clínica, percebo que quando explico para os pacientes o que acontece no cérebro durante a ansiedade, eles não apenas entendem melhor seus sintomas, mas também se sentem mais capazes de enfrentá-los. Afinal, conhecer é o primeiro passo para transformar.
O cérebro ansioso: o papel da amígdala e do córtex pré-frontal
A amígdala, pequena estrutura no cérebro, é como um alarme interno: dispara sempre que percebe perigo. O problema é que, na ansiedade, esse alarme toca mesmo quando não há ameaça real. Já o córtex pré-frontal, responsável pelo raciocínio lógico e tomada de decisão, tem a função de avaliar a situação com mais calma.
Quando estamos sob forte ansiedade, a amígdala assume o comando e o córtex pré-frontal perde espaço. Como consequência, ficamos mais impulsivos, tensos e menos racionais. Aaron Beck já apontava que, nesses momentos, a mente cria distorções cognitivas que reforçam o medo, como catastrofizar ou tirar conclusões sem evidências.
O corpo como reflexo da mente
A ansiedade também se manifesta no corpo por meio do sistema nervoso autônomo. O estado de “luta ou fuga” acelera o coração, altera a respiração, gera sudorese e tensão muscular. Brené Brown lembra que “ignorar nossas emoções não as torna menos poderosas; apenas nos faz prisioneiros delas”. Ou seja, o corpo fala quando a mente está sobrecarregada.
Estratégias práticas baseadas na neurociência
Ao compreender esses mecanismos, podemos aplicar técnicas que ajudam a regular o sistema nervoso e devolver equilíbrio entre emoção e razão:
• Respiração diafragmática
→ Respire profundamente pelo nariz, expandindo o abdômen, e solte lentamente pela boca. Essa prática ativa o nervo vago e ajuda a acalmar o corpo.
• Mindfulness e atenção plena
→ Pesquisas mostram que treinar o foco no presente reduz a atividade da amígdala e fortalece o córtex pré-frontal. Praticar observar a respiração ou sensações corporais, mesmo por alguns minutos ao dia, já faz diferença.
• Movimento físico regular
→ Caminhadas, alongamentos e exercícios aeróbicos liberam neurotransmissores como serotonina e endorfina, que contribuem para o bem-estar.
• Sono reparador
→ O descanso adequado permite que o cérebro reorganize informações e diminui a reatividade emocional.
• Escrita terapêutica
→ Colocar no papel pensamentos e preocupações ajuda a organizar ideias, reduzir ruminações e fortalecer o autocontrole.
• Conexão social
→ Relações de apoio reduzem os níveis de cortisol (hormônio do estresse) e promovem sensação de segurança.
A psicoterapia como espaço de potencialização
Todas essas práticas podem ser aplicadas no dia a dia, mas é na psicoterapia que ganham consistência. O acompanhamento terapêutico oferece um espaço seguro para identificar padrões de pensamento, entender a origem da ansiedade e construir estratégias personalizadas.
Para concluir…
A neurociência nos mostra que não estamos reféns da ansiedade: o cérebro é plástico e capaz de se reorganizar. Pequenos hábitos, praticados com constância, podem transformar a forma como reagimos ao estresse.
Se você sente que a ansiedade tem interferido na sua vida, saiba que não precisa enfrentar isso sozinho. Vamos juntas aplicar esses conhecimentos na prática e ressignificar sua forma de viver? Entre em contato comigo e começamos esse processo.


