Ansiedade do século XXI: o mal invisível da geração que tem tudo, menos paz
- Ana Claudia Melo
- 22 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de dez.

Vivemos na era das possibilidades ilimitadas. Conectados 24 horas por dia, com acesso instantâneo à informação, ao consumo, à tecnologia e ao entretenimento. A sociedade nunca teve tantos recursos materiais e, paradoxalmente, nunca esteve tão adoecida emocionalmente. Estamos diante de uma epidemia silenciosa: a ansiedade generalizada.
Como afirmou o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han em seu livro A Sociedade do Cansaço (2010): “O excesso de positividade e desempenho está nos levando a estados de esgotamento psíquico e emocional". O indivíduo do século XXI é cobrado para ser hiperprodutivo, hiperconectado e multitarefa. E, nesse ciclo vicioso de autoexploração, o preço pago tem sido altíssimo.
Dados que assustam
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 301 milhões de pessoas no mundo sofrem de transtornos de ansiedade. No Brasil, somos campeões mundiais: segundo o levantamento da OMS de 2022, 9,3% da população brasileira apresenta diagnóstico de transtorno de ansiedade. É um dado alarmante que reflete uma realidade que muitos preferem ignorar.
O DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) define o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) como "preocupação e ansiedade excessivas, ocorrendo na maioria dos dias, durante pelo menos seis meses, acerca de vários eventos ou atividades". Mas, para além da definição clínica, a ansiedade no século XXI ganhou contornos sociais e culturais.
A pressão invisível da sociedade do desempenho
A geração que viveu o salto tecnológico nunca teve tantas possibilidades de escolha. Mas também nunca teve tanto medo de errar. É o medo da perda de oportunidades (FOMO - Fear of Missing Out), é a comparação constante nas redes sociais, é a pressão para performar em todas as áreas da vida.
Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, em Rápido e Devagar: Duas formas de pensar (2011), descreve como nossa mente, guiada por heurísticas e vieses cognitivos, nos faz superestimar ameaças e subestimar recursos internos. Na ansiedade, pequenos problemas ganham proporções catastróficas.
A hiperconectividade, o fluxo constante de informações negativas e as cobranças externas alimentam um ciclo de alerta permanente. Nosso sistema de ativação do estresse (eixo HPA) permanece ativado continuamente, gerando desgastes fisiológicos e emocionais profundos.
O que pode ser feito? Algumas orientações práticas
Embora a ansiedade seja um desafio complexo, há estratégias eficazes que podem ser aplicadas no dia a dia:
Respiração diafragmática: Ajuda a regular o sistema nervoso parassimpático, reduzindo o estresse imediato.
Técnicas de mindfulness e atenção plena: Favorecem o foco no presente, reduzindo ruminacões sobre o futuro.
Exercícios físicos regulares: Favorecem a produção de neurotransmissores reguladores do humor, como a serotonina e a dopamina.
Reestruturação cognitiva (pilar da Terapia Cognitivo-Comportamental): Auxilia na identificação de distorções cognitivas e na construção de pensamentos mais adaptativos.
Limitar a exposição às redes sociais e às notícias negativas: Reduz o gatilho constante para a hipervigilância emocional.
Mas é importante destacar: nem sempre é possível vencer a ansiedade sozinho. Muitas vezes, ela exige acompanhamento profissional especializado.
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