A diferença entre tristeza e depressão: como identificar e quando procurar ajuda
- Ana Claudia Melo
- 12 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de jul.

Sentir tristeza faz parte da vida. Fazemos parte de uma cultura que tende a patologizar qualquer emoção negativa, como se o único estado aceitável fosse a alegria constante. Mas a verdade é que a tristeza é humana, saudável e necessária. O que nem sempre é percebido é quando essa tristeza ultrapassa o limite do funcional e se transforma em depressão.
Na minha prática clínica, ouço com frequência frases como:
“Não sei se é só uma fase ou se estou com depressão.”
“Tenho vergonha de dizer que não estou bem, porque parece que é drama.”
Esse artigo é um espaço para desfazer esses nós — e te ajudar a entender melhor o que está sentindo.
Tristeza: uma emoção que precisa ser sentida. A tristeza é uma resposta natural diante de perdas, frustrações ou mudanças. Ela nos ajuda a processar o que foi vivido, reorganizar internamente e, aos poucos, seguir em frente.
Ela costuma ter um gatilho identificável, vem em ondas, e embora cause desconforto, permite que a pessoa siga com sua rotina (mesmo mais devagar).
Exemplo: alguém perde um emprego ou termina um relacionamento e sente tristeza profunda por alguns dias ou semanas. Ainda assim, consegue se alimentar, cuidar da casa, sair com amigos. Há dor, mas há também movimento.
Depressão: um transtorno que paralisa e isola. Já a depressão é um transtorno psicológico reconhecido pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), e não se trata apenas de estar triste. Ela altera o funcionamento do cérebro e afeta profundamente o modo como a pessoa percebe a si mesma, o mundo e o futuro.
Na clínica, costumo dizer:
"A tristeza dói, mas a depressão paralisa. Ela rouba o sabor da vida."
Principais sinais da depressão:
Humor deprimido por quase todos os dias, por mais de 2 semanas
Perda de interesse ou prazer em atividades antes prazerosas
Cansaço excessivo mesmo após dormir
Alterações no sono (insônia ou sono excessivo)
Alterações no apetite e peso
Sensações de inutilidade, culpa intensa ou desesperança
Dificuldade de concentração
Pensamentos de morte ou ideação suicida
Esses sintomas não passam sozinhos com o tempo — e podem se agravar se não forem tratados.
Por que tanta gente confunde tristeza com depressão?
A cultura do “seja forte” e do “vai passar” fez com que muitas pessoas aprendessem a silenciar sua dor. Além disso, há um medo social de ser rotulado ou julgado por sentir demais.
Tenho pacientes que relataram:
“Fiquei anos achando que era só uma fase ruim.”
“Me senti fraco por não conseguir sair disso sozinho.”
Essas falas mostram como o estigma ainda impede o acesso ao cuidado.
Quando procurar ajuda?
Você não precisa esperar chegar ao fundo do poço para começar a terapia. Procure ajuda sempre que sentir que algo está pesado demais por muito tempo.
Sinais de alerta:
Tristeza constante sem motivo claro
Falta de vontade de viver a própria vida
Sentimento de “estar se arrastando” todos os dias
Sensação de que ninguém vai entender
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem eficaz no tratamento da depressão, pois ajuda a identificar padrões de pensamento negativos, desenvolver estratégias de enfrentamento e reconstruir o vínculo consigo mesmo.
Você não precisa passar por isso sozinho(a). A tristeza faz parte da vida. A depressão, não.
Se algo dentro de você tem pedido socorro em silêncio, escute. Cuidar da sua saúde emocional é tão importante quanto cuidar do corpo. Vamos conversar sobre o que você sente, no seu tempo, com respeito, sem rótulos — e com todo o acolhimento que você merece.
Você não está só.


