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A diferença entre tristeza e depressão: como identificar e quando procurar ajuda

Atualizado: 26 de jul.

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Sentir tristeza faz parte da vida. Fazemos parte de uma cultura que tende a patologizar qualquer emoção negativa, como se o único estado aceitável fosse a alegria constante. Mas a verdade é que a tristeza é humana, saudável e necessária. O que nem sempre é percebido é quando essa tristeza ultrapassa o limite do funcional e se transforma em depressão.

Na minha prática clínica, ouço com frequência frases como:

“Não sei se é só uma fase ou se estou com depressão.”

“Tenho vergonha de dizer que não estou bem, porque parece que é drama.”

Esse artigo é um espaço para desfazer esses nós — e te ajudar a entender melhor o que está sentindo.


Tristeza: uma emoção que precisa ser sentida. A tristeza é uma resposta natural diante de perdas, frustrações ou mudanças. Ela nos ajuda a processar o que foi vivido, reorganizar internamente e, aos poucos, seguir em frente.

Ela costuma ter um gatilho identificável, vem em ondas, e embora cause desconforto, permite que a pessoa siga com sua rotina (mesmo mais devagar).

Exemplo: alguém perde um emprego ou termina um relacionamento e sente tristeza profunda por alguns dias ou semanas. Ainda assim, consegue se alimentar, cuidar da casa, sair com amigos. Há dor, mas há também movimento.


Depressão: um transtorno que paralisa e isola. Já a depressão é um transtorno psicológico reconhecido pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), e não se trata apenas de estar triste. Ela altera o funcionamento do cérebro e afeta profundamente o modo como a pessoa percebe a si mesma, o mundo e o futuro.

Na clínica, costumo dizer:

"A tristeza dói, mas a depressão paralisa. Ela rouba o sabor da vida."


Principais sinais da depressão:

  • Humor deprimido por quase todos os dias, por mais de 2 semanas

  • Perda de interesse ou prazer em atividades antes prazerosas

  • Cansaço excessivo mesmo após dormir

  • Alterações no sono (insônia ou sono excessivo)

  • Alterações no apetite e peso

  • Sensações de inutilidade, culpa intensa ou desesperança

  • Dificuldade de concentração

  • Pensamentos de morte ou ideação suicida

Esses sintomas não passam sozinhos com o tempo — e podem se agravar se não forem tratados.


Por que tanta gente confunde tristeza com depressão?

A cultura doseja forte” e do “vai passar” fez com que muitas pessoas aprendessem a silenciar sua dor. Além disso, há um medo social de ser rotulado ou julgado por sentir demais.

Tenho pacientes que relataram:

“Fiquei anos achando que era só uma fase ruim.”

“Me senti fraco por não conseguir sair disso sozinho.”

Essas falas mostram como o estigma ainda impede o acesso ao cuidado.


Quando procurar ajuda?

Você não precisa esperar chegar ao fundo do poço para começar a terapia. Procure ajuda sempre que sentir que algo está pesado demais por muito tempo.


Sinais de alerta:

  • Tristeza constante sem motivo claro

  • Falta de vontade de viver a própria vida

  • Sentimento de “estar se arrastando” todos os dias

  • Sensação de que ninguém vai entender


A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem eficaz no tratamento da depressão, pois ajuda a identificar padrões de pensamento negativos, desenvolver estratégias de enfrentamento e reconstruir o vínculo consigo mesmo.


Você não precisa passar por isso sozinho(a). A tristeza faz parte da vida. A depressão, não.


Se algo dentro de você tem pedido socorro em silêncio, escute. Cuidar da sua saúde emocional é tão importante quanto cuidar do corpo. Vamos conversar sobre o que você sente, no seu tempo, com respeito, sem rótulos — e com todo o acolhimento que você merece.

Você não está só.


 
 
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